Almanaqueiras: ou não queiras.

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segunda-feira, 26 de junho de 2017

"O que este país necessita, principalmente, antes de leis ou planos políticos, é de alguns líderes valentes, incansáveis e dedicados em quem o povo possa depositar a sua fé".

Permanência de Temer  no poder é veneno para a política no país 

Uirá Machado 


Que Michel Temer é um desastre político para si próprio os brasileiros sabem há bastante tempo. A nova rodada do Datafolha apenas mostrou que, no quesito popularidade presidencial, o peemedebista tem plenas condições de batalhar pelo recorde negativo.

A mesma pesquisa indicou fato muito mais grave: a permanência de Temer no Planalto equivale a um veneno político para o país, e é difícil imaginar que as propaladas reformas econômicas possam trazer a cura no curto prazo.

O primeiro sinal está no contágio da autoestima nacional. A vergonha ser brasileiro supera o orgulho para a metade (47%) dos entrevistados, o maior patamar já verificado pelo instituto. Essa taxa era de 28% em dezembro e 34% em abril.

Mais importante, o apreço pelas instituições de representação democrática se deteriorou ainda mais, embora isso parecesse quase impossível.

Desde abril, pelo menos, no máximo 5% da população diz "confiar muito" na Presidência da República, no Congresso nacional ou nos partidos políticos. O índice, até por limitação matemática, piorou pouco nos últimos dois meses.

No período, no entanto, encolheu a fatia dos que afirmam "confiar um pouco" nessas instituições e aumentou a dos que dizem "não confiar" nelas. Este último grupo hoje reúne dois terços dos brasileiros.

Impossível dissociar o fenômeno do papel ridículo que tais entes têm feito para preservar Temer e salvar a própria pele.
As mesmas perguntas foram feitas em relação a dez instituições, incluindo Judiciário e Ministério Público. Na liderança na classificação das mais confiáveis estão as Forças Armadas, a única que ostenta mais respostas "confia muito" (40%) do que "não confia" (15%).

Nesse cenário de terra arrasada política e degradação do respeito pelas instituições democráticas, não deveria surpreender que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) avance na preferência dos eleitores para 2018. O militar da reserva saiu de 5% das intenções de voto em fins de 2015 para 16% agora.

Outra pesquisa do Datafolha, feita com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, acrescenta cores preocupantes a esse quadro, conforme ensaio publicado na "Ilustríssima".

Nada menos que 69% dos brasileiros adultos concordam com a seguinte frase: "O que este país necessita, principalmente, antes de leis ou planos políticos, é de alguns líderes valentes, incansáveis e dedicados em quem o povo possa depositar a sua fé".

Sempre soam improváveis os cenários catastrofistas criados em tempos que, embora conturbados, não chegam a ser desesperadores.

Vale o alerta, porém, do historiador Timothy Snyder, autor do livro "Sobre a Tirania". Ele lembra que a maior parte das pessoas que votaram em embriões de governos totalitários não se dava conta de que exercia o sufrágio pela última vez. 

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